Thursday

a porta bateu com o vento. as cinzas voaram do cinzeiro. aqueles braços brancos e fortes que dançavam perto do chão, parecendo quase um esqueleto a ponto de quebrar a qualquer instante, pararam. uma meia-luz entrava pelas frestas da janela enquanto ela tentava se equilibrar. se levantou. se recompôs. olhou no espelho como quem vê um retrato velho e cheio de poeira. disse que não ia mais voltar. depois disse que queria um copo de licor.
ela tinha o hábito de falar sozinha. gostava de fingir algum entendimento sobre todas as outras coisas, que não ela própria. a verdade é que de nada sabia. e vivia ali, presa.

1 comment:

Dídi said...

por vezes nos damos conta da grande farsa que é nossa vida. outras vezes, nem tchum.

(estou com saudade!! vamos fazer alguma coisa... sobre a pina, até onde eu sei, continua no mesmo lugar, nós é que estamos dando um tempo.. hshs beijao, queri!)