Thursday

da bagunça das minhas gavetas, uma série de três achados e perdidos. ou seria perdidos e, agora, achados?


Um pequeno ponto azul que brilha no meio de uma multidão apressada, embriagada pela velocidade urbana das coisas. Enquanto olho a avenida, no céu já caiu o dia, no mar a ressaca quebra na areia. Daqui não vejo o mar. Aqui não tem mar. Não enxergo muitas estrelas. As luzes ofuscam o azul intenso de fim de dia.
Estou a esperar. Parada, perplexa, perdida, ainda espero. A vida está para acontecer, é uma iminência, um pequeno movimento. A vida está no limiar de acontecer. Mais ou menos como a loucura nos homens. Está ali, está quase, é praticamente um descuido. O mesmo descuido que dizem ser a felicidade. Talvez seja isso. E eu aqui, a esperar.
Observo as pessoas sendo nas ruas. Aprecio os cheiros, ventos, suores. Sonho acordada o sonho de uma vida cor-de-rosa-azul-turquesa. Sonho em acontecer. Enquanto isso fico com os momentos que quase me fazem sentir a vida. Os momentos suspensos do chão, suaves, alegres, com gosto de sobremesa.

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